Bons amigos, bons negócios

Tempo de leitura: 3 minutos

Já falamos aqui sobre a importância dos relacionamentos estreitos nas relações comerciais da atualidade. Estratégias de Marketing de Relacionamento vêm sendo amplamente utilizadas, assim como  as ferramentas de CRM, com intuito de conhecer melhor o público-alvo e fazer uma comunicação direcionada. Investe-se muito em pesquisas de mercado para entender melhor o consumidor e saber lidar com ele. Softwares sofisticados, dados, números. Tudo isso para aproximar as pessoas e fidelizar os clientes.

Entretanto, muitas vezes deixamos de aproveitar boas oportunidades de negócios: olhamos para a frente e esquecemos de olhar para os lados; então deixamos de enxergar boas parcerias que podem vir a render bons frutos. Estou falando das amizades.

Se pensarmos bem, grande parte de nossos amigos ou colegas estão inseridos no mercado de trabalho, muitas vezes em posições privilegiadas: sócios, proprietários, gerentes, supervisores, consultores…. seja em grandes, médias ou pequenas empresas. Alguns são profissionais liberais, como médicos, nutricionistas, fisioterapeutas, advogados. Um mundo de possibilidades podem surgir dessas relações, desde que sejam bem aproveitadas. No entanto, nem sempre temos essa visão. Somos contaminados por uma visão equivocada de “amigos, amigos, negócios à parte” e não procuramos nossos amigos, ou não estreitamos com eles outros tipos de laços, como os “laços corporativos”.

Sem dúvida alguma que as relações comerciais entre amigos não devem ser baseadas somente nas emoções e na afetividade; afinal, trata-se de negócios, e é preciso ser profissional nas negociações. Entretanto, são relações que devem ser cultivadas observando-se não somente o ganho material – financeiro – mas outros tipos de ganhos: os laços afetivos se fortalecem, estabelece-se uma relação de parceria e companheirismo no mundo corporativo, cria-se reciprocidade e aumenta-se a rede de relacionamentos comerciais. E mais: cria-se uma relação forte de fidelidade, pela qual, muitas vezes, pagamos caro quando se trata de outros clientes. Então, por mais que não se ganhe mais dinheiro nas transações comerciais com amigos (damos descontos, melhoramos as condições de pagamento), outros benefícios são gerados. Bom para todos.

Dá pra ir além das relações de compra e venda. Já olhou para o lado para analisar se existe, em seu círculo de amizades, alguma pessoa com quem pode desenvolver com sua empresa um projeto específico para ganhar dinheiro? Posso dar um exemplo da própria Crux: somos uma agência de Marketing Digital e prestamos consultoria na área de Marketing, mas muitos de nossos contratantes precisam de serviços para outras áreas: contábil, jurídica, de qualidade (as certificações estão em alta), logística. Precisam, também, de soluções tecnológicas (sistemas de CRM ou big data por exemplo). E então? Melhor ir ao mercado buscar fornecedores ou procurar dentre aqueles que já conheço e em quem confio? Não seria, então, uma oportunidade de fechar negócios em conjunto para atender o cliente e oferecer soluções completas, com uma equipe multidisciplinar? Outro caso: para quem tem uma indústria: já pensou se algum de seus amigos fisioterapeutas podem fazer um trabalho de ginástica laboral, por exemplo? Ou se pode contratar aquela sua amiga nutricionista para dar palestras de reeducação alimentar para seus funcionários? A princípio, nada parecem ter a oferecer ao seu negócio, mas, em algum momento, uma demanda pode surgir. E para quem está do outro lado – o contratado – se fazer conhecido é imprescindível para que saibam de sua existência e de suas capacidades.

Mas nem sempre fazemos isso. É o contrário da  “miopia de marketing”; é uma “hipermetropia” de marketing. Enxergamos longe, mas somos incapazes de ver soluções que estão ao nosso lado. Não só para contratar parceiros, mas também para promover e divulgar nossos produtos, serviços, habilidades e competências para nossos amigos e colegas. Colocamos em outdoor, mas não convencemos nosso amigo a nos contratar; procuramos fornecedores e terceirizamos serviços com estranhos, mas não negociamos com nosso amigo para desenvolver soluções em parceria.

Generalizações são sempre perigosas. Não estou dizendo que todos agem assim, até porque vejo  que muitos profissionais percebem essas chances e conseguem estabelecer relações comerciais com amigos e familiares, especialmente quando o assunto é “vendas”: a pessoa precisa, eu  tenho o produto; então dou desconto, vendo e pronto! Mas ainda acho que há muito o que desenvolver quando o assunto é ganho mútuo, parceria, novos negócios e oportunidades de mercado. Fique atento!

Fica uma dica: se quisermos estabelecer relações comerciais saudáveis e mutuamente benéficas, é importante também o cuidado com a imagem. Postura profissional, no mundo dos negócios, é fundamental, com amigos ou não. E isso vale para o mundo virtual, especialmente redes sociais. Cuidado com o que “curte” por aí.